Friday, February 23, 2007

Variações

Sono não.


O pesar do sonho baixou pela noite fora. Toda a noite, a sua imagem insistiu-me pelos vidros da janela do meu quarto. A noite, em tom brilhante, avivava-me os sentimentos, liquidificando-me a consciência. A voz de Eddie Vedder balanceava-me na mente, em associação divina com a minha memória visual. O sono não vinha e eu, no meio dos lençóis como peixe fora de água, sentia-me vazio, com o sonho ali tão perto… Tardava em adormecer, ia sonhando, sonhando acordado. Procurava via consciente um sentido real para aquilo, mas acontece que, por vezes, por mais engenho que possuamos, é impossível dar base ao que sentimos. Àquela hora, via-me fora do contexto real do mundo, via-me numa estrada divina, numa busca infinita de um sonho recuperado, ainda mais forte que o anterior, bem mais intenso até. Afinal, o sonho era outro sim senhor. Mordia-me o medo de não o conseguir viver, e não adormecia.
O som casual de um cão a ladrar asperamente, como que a reclamar algo, afinava-me a concentração da alma. Crescia de fora do quarto uma agitação qualquer, que não me desviava as atenções, fosse por que motivo fosse…
O quarto estava escuro, apenas iluminado pelo rasgo lunar que entrava pela portada entreaberta da janela. Nas negras paredes da ocasião, ondeavam os sonhos por realizar, os que ficaram para trás. A secretária do meu quarto, maior do que em qualquer outro dia, sugeria-me um peso mais do que brutal na consciência. Lembrava-me do parentesco entre o génio tão procurado nela com o desespero dessa mesma procura. A porta nem gemia, como se aquele quarto representasse outra dimensão que não a humana. Uma metafísica inexplicável, estrondosamente assustadora, ainda que por detrás de tudo aquilo, estivesse um encantamento belo e natural. Quanto ao sonho, eu ia-o sentindo, pensamento após pensamento.
Diferente, a noite prosseguia. Os sentimentos tardavam em desaparecer, e o sono não começava…A solidão da minha alma invadia a pureza do sonho. Invadia tudo aquilo que mais queria. O quarto, intenso e pesado, e a sombra das coisas que nele estavam davam lugar ao medo de avançar na minha vida por um meio real…
Já os raios solares se espalhavam de entre o céu semi-nublado quando acordei. Afinal, consegui dormir. Porém, não sonhei tudo. A razão é simples: O sonho não me deixa.


Nuno.



Tuesday, February 20, 2007

O tributo.


Isto é para todos os meus verdadeiros amigos. Os que estão lá quando é preciso, os que acreditam em mim. Os mesmos que não me deixam sentir sem eles. [ 365 x ]


A vida é feita para nós ... e amanhã é um grande dia.


Obrigado.


Os maiores cumprimentos do vosso eufórico amigo ortónimo !

Saturday, February 17, 2007

A maior música do mundo

A maior música do mundo é aquela que vive dentro de mim a cada vez que a ouço. É mais que uma música. É uma companhia, um estado de espírito. Chamem-me maluco, que eu gostarei dela da mesma forma ou mais até. A voz de Eddie Vedder. A letra e o seu significado universal. A melodia. A totalidade. O universo dentro da música.
A cada vez que o "Ten" toca no meu quarto na faixa número 5, a minha vida transforma-se... o quarto muda as suas formas, e a vida lá fora deixa de ter significado... só eu, só eu, só eu...

Black ( Pearl Jam )

Hey...oooh...Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay. Were laid spread out before me as her body once did All five horizons revolved around her soul As the earth to the sun Now the air I tasted and breathed Has taken a turn Ooh, and all I taught her was everything Ooh, I know she gave me all that she wore And now my bitter hands shake beneath the clouds Of what was everything? Oh, the pictures have all been washed in black, Tattooed everything...

I take a walk outside I'm surrounded by some kids at play I can feel their laughter, So why do I sear? Hard and twisted thoughts that spin round my head I'm spinning, oh, I'm spinning How quick the sun can, drop away And now my bitter hands cradle broken glass Of what was everything? All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...

All the love gone bad Turned my world to black Tattooed all I see, all that I am, all I'll be...yeah...Uh huh...uh huh...ooh...I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star,In somebody else's sky, but whyWhy, why can't it be, oh can't it be mine...

We, we belong, we belong together, together, yeah, yeah, we, we belong, we belong together...

Friday, February 16, 2007

O sono e eu

Cuidarei primeiro em ignorar a realidade, antes sonhar. Depois, cuidarei de ti, e só depois de mim. Só pensar, e sonhar, e qualquer coisa mais que não agir. Agir agora não. Só amanhã. Parece-me imoral agir agora. Exageradamente imoral até. Agir agora seria mudar de estrada a cada cruzamento. Já disse que primeiro estás tu. Ou estarei a mentir? Não sei, mas também não interessa muito...
Gostava, se viesses, continuar em sonhos. Ecos de gritos, de risos, vindos de longe. Só isso. Eu e tu. Ninguém mais. Porque não? E se assim fosse? Se calhar não seria melhor do que agora, bem pelo contrário. Mas podia ser. Tem, aliás, tudo para ser.
Olho-me ao espelho agora, e vejo uma criança doente. Uma criança que sonha brincar onde não há brinquedos. Uma criança que, ainda assim, brinca na mesma. Sorri. Não há coisa mais bonita no mundo do que quando sorris.
Agora tenho sono. Vou dormir. Chamas-me quando estou a dormir. Tu nunca reparaste nisso, mas eu já. Sagrado instinto de ser feliz a dormir.

Wednesday, February 14, 2007

São Valentim !


Dia dos namorados. Romantismo Forçado. Consumismo Desmedido. Amor comprado. Sentimento disfarçado. Infelizmente, hoje as coisas estão assim. O romantismo morreu. E não foi só pela troca de um bilhete rasurado por uma sms. Foi, sobretudo, pela mudança de mentalidade das pessoas. Mas vamos andar com isto para a frente, não vá o diabo acusar-me de estar a ser invejoso.


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Vem levemente, brilho lunar
Que ninguém quer tanto de ti quanto eu
Que pelas ruas me deixo ir a cantar
Um amor que também pode ser o teu.
...estás linda.
Teu vestido não é menos que um jardim de flores.


in Alma Minha , by me.










Monday, February 12, 2007

Os grandes Portugueses


Eis um tema que tem aguçado o apetite de alguns portugueses. Um grande português o que é ? Para mim, o grande português é aquele que mais se destacou na sua vida, no seu trabalho, pela sua genialidade, ou não seria digno de grande português se não tivesse sido genial. É a minha forma de ver as coisas. E é precisamente por isso que o meu voto caiu no maior poeta português de todos os tempos, Fernando Pessoa. Vejamos então porquê...

Afonso Henriques ? Não. Sim, foi Afonso que fez "nascer" a nossa nação. Todavia, esse facto não se prende unicamente à coragem do Rei, ou foi Afonso sozinho que dizimou milhares de mouros ? Não é que não admire Afonso Henriques, mas para grande português não me enche as medidas e, como tal, não serve. Seguinte...

Álvaro Cunhal ? Grande homem é aquele capaz de lutar sem se ajoelhar, é aquele que não abdica dos seus princípios, é aquele que dedica toda a sua vida em prol de um objectivo. Cunhal foi assim, viveu do e para o Comunismo, combatendo exaustivamente o Estado Novo. Porém, Cunhal não alcançou o "trono", e quem é segundo não é primeiro.

Salazar ? Não. A sua ditadura opressiva não é digna de um bom português e nem sequer gasto mais latim aqui. Vamos rápido para o próximo...

Aristides ! Aristides foi como todos deviamos de ser. Ele salvou dezenas de milhares de pessoas que fugiam do monstro nazi, concedendo-lhes vistos, recusando as ordens do seu governo. Estarei certo se disser que foi despedido por isso ? Quem o despediu ? Eu não quero entrar por aqui... Em suma, Aristides foi um grande homem, um grande português. Foi humano e fraterno. Não consigo dizer que não merecia o título.

Infante D.Henrique. O grande condutor da expansão ultramarina. O homem dos misteriosos segredos. O homem que esticou as pernas a Portugal. Um grande português, porque não ?

D.JoãoII, príncipe perfeito. Porquê ? Talvez pela forma como exerceu o seu poder. Ora, um português que exerce bem o seu poder é um grande português e é, honestamente, um caso raro. Porém, faz-me sempre confusão a herança monárquica. Até eu poderia ter sido rei. Porque não ? Se fosse filho de D.JoãoII...

Marquês de Pombal fez coisas boas. Aproximou, por exemplo, Portugal à realidade do Norte da Europa, o que já não é pouco. Episódio marcante relacionado com o Marquês foi também o avassalador terramoto de Lisboa. "E agora? Enterram-se os mortos e alimentam-se os vivos", disse o Marquês. Foi assim não foi ? Ele reergueu Lisboa ou, no mínimo dos mínimos, ajudou a isso. A economia, religião e educação foram domínios "alterados" em Portugal pelas reformas do Marquês. Basicamente, O Marquês deixou muito para contar. Porém, algo me diz que ele não foi perfeito. Não foi, diga-se, o genial !

Luís Vaz de Camões. Se a tanto me ajudar o engenho e a arte, espero levar a minha vida sempre com a glória que Camões cantou n´Os Lusíadas. Ele atingiu o nível dos grandes poetas. Ele alcançou a perfeição, ou andou por lá, ou qualquer outra coisa que queiram que diga desde que seja semelhante. Camões é o Grande Português do Antigo Portugal. Sim, porque quer queiramos quer não, a realidade do seu tempo não é a mesma de agora. É aqui que eu me deixo guiar pela confusão, e preferia votar num Antigo Grande Português e num Novo Grande Português.

Fernando Pessoa. O homem que se dividiu em diferentes personagens. O homem que criou dezenas de almas, qual delas a maior ! Fernando Pessoa galgou os limites, ultrapassando-os em larga escala, de maneira a nunca ter visto a sua angústia compreendida. Frustrado, falhado, alcoólico, drogado ... chamem-lhe o que quiserem. Ele foi a alma maior, o clímax da genialidade. Ele superou tudo e todos com a sua poesia. Partiu cedo, nem eu era nascido. Deixou-me Ricardo Reis para eu aprender a viver a vida, deixou-me Caeiro para eu olhar mais as coisas, deixou-me Álvaro de Campos para eu não sofrer sozinho... deixou-me o Livro do Desassossego para eu não me sentir só e único no mundo, especialmente quando a nuvem me tapa o sol. Ele foi a ressurreição da glória quinhentista, ele foi a alma que Zeca Afonso cantou, ele foi um bocado da voz de Amália, ele foi um bocado de cada grande português, ele foi um bocado de todos nós. Ele foi o Universo dentro do país. Viva Fernando Pessoa.

Admito a minha parcialidade desmedida neste tema, mas isto é um espaço pessoal, e aqui o voto é meu :-) Nem sequer me sinto capaz de dizer tudo o que queria sobre ele.


Não sei se Fernando Pessoa será o Grande Português, esperemos para ver... À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Sunday, February 11, 2007

Portugal decidiu, mas sem força.


Quando se realiza um referendo, é dado aos cidadãos a oportunidade de decidirem sobre algo que pertence ao seu país e, portanto, às suas próprias vidas. Porém, a abstenção mantém-se avassaladora, referendo após referendo. É neste grande pormenor que pode começar o atraso de uma nação. Ora, se eu tenho a opurtunidade de intervir, por mínima que seja essa intervenção ou não, porque razão haverei de ficar em casa ? Que moral terei eu amanhã para contestar isto ? Parece-me mais do que óbvio que não a terei. Ora, um povo sem moral é também um povo sem voz, e um povo sem voz é um povo mandado. Enfim, é o país que temos e, pelo menos agora, não resta senão resignar-me a esta triste realidade.


Quanto aos que foram às urnas, foram mais os que votaram sim. E ainda bem. O sim não implica nem convida a prática do aborto, um acto que considero doloroso e horrível. O sim diz apenas que quem o fizer não é penalizado. Ora, isto não é um convite, mas sim uma opurtunidade para cada um optar por aquilo que entende por melhor, seguindo as suas próprias convicções. Se para ti abortar é pecado, então não abortes. Se abortar para ti não é solução, não abortes. Agora, entende que o mundo não é feito de igualdades, nem raciais, nem sociais, nem financeiras, nem religiosas. Logo, cada um deve ser livre de optar e escolher o seu próprio caminho. O sim é também ternura aos mais desfavorecidos e aos mais fracos. Porque não ? Hoje a igreja distanciou-se um pouco mais do estado, hoje as mulheres ganharam um pouco mais de liberdade, um pouco mais de humanidade.


O aborto não é solução, muito menos proibição, é, só e apenas, opção. É caso para cantar bem alto... We don´t need your education !

Aqui estou eu, a lançar-me em mais uma ideia, em mais um projecto. Não é ele senão um local de dactilografias sobre a minha visão das coisas do mundo. Política, paz, guerra, amor, música, literatura, entre muitos outros domínios, serão explorados por mim, pela minha opinião...


Falta dizer-se a minha verdade !