Sunday, August 26, 2007

Almofada de papel

São cinco horas da manhã e ando às voltas sem dormir. Rodo para a esquerda, e lembro-me de ti. Rodo para a direita, e lembro-me de mim. Olho o telemóvel na esperança de nele ter um sinal de ti, e nada. Será por isso que não durmo? Não. Sei que hoje te lembraste de mim mais do que uma vez. Como? Não sei, mas sinto. E por isso estou seguro do que digo. O mais que possa acrescentar é puro devaneio de quem não quer dizer mais do que isto. Porém, continuo a escrever, sem com isso dizer algo com relevo suficiente para chamar à atenção. Não é esforço nenhum esperar por amanhã, mesmo que não seja capaz de atirar uma justificação razoável para isso. São coisas que a alma sente e os olhos não vêem. Coisas essas demasiado bonitas para as partilhar com outra coisa senão os teus lindos olhos. E os teus olhos não serão, com toda a certeza, os primeiros a ver isto. Serão, não literalmente, os últimos. Porque depois disso muito pouco ou quase nada me interessa... são saudades e vontades. Mais do que isso até, são feelings.
Um beijo louco no porto e uma cidade p´ra ti, como quem visualiza sempre um dia a mais que o mundo e a gente.

Friday, May 25, 2007

Época de Exames


Aí vêm eles, sem perguntar se podem ou não vir, arrogantes e a correr. Exames! Esse bicho-de-sete-cabeças que nos desvia de tudo aquilo que mais dizemos gostar nesta altura. O desespero constante, o calor a irritar-nos em todos e mais alguns locais, as despesas extra com fotocópias de exames, de apontamentos e sei lá de mais o quê, as crises existencias, o ocaso de um dia inteiro de boa disposição, e por aí fora. Enfim, os exames...


Mas há sempre o outro lado da rua, onde somos capazes de ver algo de útil e proveitoso nisto tudo. Adquirimos novos conhecimentos, marcamos cafés com os nossos amigos para partilhar lágrimas e lamentos, temos noites de folga e alívio após cada exame, temos conversas existenciais até de madrugada, e fazemos muitas outras coisas que não faríamos se não tivéssemos exames.


E quando chegamos ao último exame, já ninguém se lembra de mais nada!

Friday, April 13, 2007

O aproximar do fim.


São sete horas da manhã, e o telemóvel começa a soltar o barulho endiabradamente irritante do despertador. É segunda-feira, 25 de Setembro de 2006… Era o primeiro dia de praxe. Mas hoje é muito mais do que isso. Hoje é o dia em tudo isto começou. Sentimento, dedicação, orgulho, responsabilidade, compromisso, boémia, entre muitas outras coisas. A nossa vida, portanto!
Parece que foi ontem que estávamos todos de olhos apontados para o chão, parece que foi ontem que até medo de falar aparentávamos ter, parece foi ontem que os nossos joelhos eram os nossos pés e parece ainda também que foi ontem que nos chamaram de bestas e era isso que parecíamos. E os dias foram passando. Uns continuavam inibidos e como que numa corda bamba quanto à vontade de por ali permanecer. Outros desistiam mesmo. Houveram ainda os outros, que ali continuaram até ao fim. E hoje? Valeu a pena? Claro que sim.
Espírito académico. O famoso desemerdanço, tão útil nas semanas de exames, por exemplo. A amizade. O amor à casa onde estudamos e passamos grande parte dos nossos dias. O orgulho disso mesmo. A saudade do que já vivemos. A ânsia de viver os próximos acontecimentos. Os desafios que por aí vêm, e ainda os que já passaram. A diversidade e a união, sempre lado a lado como que num crescimento mútuo, ora saudável, ora nem por isso. Mas não interessa isso por agora.
Está a chegar o grande momento, a monumental serenata! Esse acontecimento tão solene, tão bonito, tão intenso. O momento em que a nossa capa vai ser, pela primeira vez nas nossas vidas, traçada. Não encarem isso como um momento lindo para as fotografias e para espalhar vaidade. Isso vai significar muito, vai significar tudo. Vai significar o fim de uma história e o começo de outra. A ligação de duas histórias irmãs. O fim do nosso ano de caloiros, o ano em que quase tudo nos deram a conhecer e quase tudo quisemos viver. O início da nossa vida enquanto doutores também começa. Ai este carrossel de emoções e sentimentos que nos comanda desde Setembro.
Amigos, trajem e gostem de trajar. E em cada momento que a capa vos aquecer os ombros, lembrem-se de todas as histórias que ela tiver e todas as que virá a ter também. Sim, porque quando isto tudo acabar vai também com isto os melhores anos das nossas vidas, ou muito me engano, eu e vocês. Aquela capa e aquela pasta. A capa como símbolo das noites de bebedeira e a pasta como símbolo das tardes passadas a estudar no desespero daqueles exames. Futurologia de intensas recordações passadas, ou um ataque de loucura dos meus neurónios. Pouco me importa que se discuta isso agora.
Vivam isto o mais que puderem, sempre sentindo o porquê de o fazerem, porque esta história foi, é e será escrita por nós e, no fim, terá o ponto final que lhe quisermos dar. E vejam bem a quantidade de coisas que já passamos e vivemos e que eu não mencionei aqui. Tudo, praticamente tudo!
Com alegria, amor e saudade, e uma bem mais do que simbólica lágrima no canto do olho, viva farmácia!

Sentes que o tempo acabou…

Tuesday, April 10, 2007

Arriscar.


Os grandes heróis do mundo fizeram-se heróis porque arriscaram, mas foi também no risco que os grandes falhados se perderam. Os que nunca arriscaram não subiram nem desceram. Esses mantiveram-se sempre na sombra, sem dar muito nas vistas, sem ir muito além e sem falhar muito ou quase nada.
Correr um risco é, portanto, um detalhe de irremediável importância na vida. É o atravessar o rio ou o ficar do lado de cá da margem, é o vencer ou perder. Correr o risco é alcançar a verdade no seu esplendor, ainda que esta possa ser alterada pelo próprio risco. Mas isso já é filosofia a mais para quem só quer saber se vale a pena arriscar.
Arriscar é dar a maior prova daquilo que queremos. Arriscar é pôr a nu uma vontade, uma ideia ou um sonho. E agora, arriscas?

Wednesday, March 28, 2007

O meu conselho de amigo.


Não hesites mais. Só tens de ir lá e dizer a verdade, dizer que tens saudades dela, que nunca ninguém te prometeu o mundo tão às claras, que os teus dias não mais foram os mesmos sem a voz dela a ecoar nos teus ouvidos e que o simples sorriso dela era o mesmo que o teu. Pega no telefone e liga-lhe. Se ela não atender, deixa-lhe uma mensagem. Não te alongues no que queres transmitir, não elabores nada. Sê claro e directo. A verdade chega perfeitamente. Não há voltas para ela dar. Serás incisivo, e nada mais além disso. E não tenhas medo. O medo é o teu maior inimigo. Não mais fiques quieto à espera que seja a vida a trazer-te respostas para os teus próprios problemas. A vida é tua, e de mais ninguém. Tens de ser tu a vivê-la, porque ela existe para ti e só existe uma vez. Não a deixes passar por ti, serás sempre tu a passar por ela. E quando quiseres olhar para trás, dá dois passos em frente. Não te arrependerás. Viverás sempre dentro de ti. Nada nem ninguém mudará o teu caminho. E o caminho és tu, e mais ninguém.

Saturday, March 10, 2007

Mais poesia.


Drama, mas só a escrever.


Oh vida minha, ilusão da ambiguidade,
Confessai aos deuses toda a verdade.
Os pesos das injustiças que estão perto,
O tic-tac do mundo que não se pode ter,
Olhai o tempo que urge incerto,
E a angústia de ter de perder.

Ainda o drama que faço, que me irrita
E o desespero desta revolta escrita.
Só este comportamento egoísta,
Que me arde a glória num minuto
E me tira para fora da pista,
Que é macabro e me faz vestir de luto.

Raia-lhe a fonte do sangue enfraquecido,
E o lacrimejar sobejo, já vencido
Estiolam-me as dúvidas e os problemas
Bem como a necessidade de os resolver,
Afronta-me a dor e os seus temas,
E a inevitabilidade de os ter.

É este o meu império, que intriga
É esta a sombra que por mim irriga!
O medo de perder um sorriso
E o prazer de o ter para mim
Tornam-me confuso e indeciso,
Cansando-me eu de estar assim.

Meu fascínio sofisticadamente discreto
E os gritos do meu coração selecto!
Ter de admitir que não há controlo,
Ainda que não o faça transparecer.
Eu nunca me conheci tão tolo,
Nem com vontade de desaparecer...

Largo-me pela força da sorte,
Abraçado pelo poder da morte.
Sonhei cedo, caí mais tarde
Neste labirinto abominável
E este suor que em mim arde,
Teima em ser insuportável.

Rendo-me num desprezo forçado
À realidade do amor negado
E vou correr para me sentir melhor,
Fechando os olhos de dia.
É que eu já sei de cor.
Que não se pode fazer magia.

Parar de escrever. Só escuridão.
Tudo em mim se cansa e cái no chão.
Pudesse eu cantar a verdade
Que me cega e que me prende,
Mas quando chegará a liberdade
Que me veste e que me acende?



Eu, e a minha tendência de imitar o Álvaro...







Saturday, March 3, 2007

Poesia + Má disposição.


Episódio Irritante

Vem levemente, brilho lunar
Que ninguém quer tanto de ti quanto eu
Que pelas ruas me deixo ir a cantar
Um amor que também pode ser o teu.

(Pára agora enquanto podes)
Que da verdade tu ainda não sabes
Vai estoirar o colosso de Rodes
Vão morrer os peixes e aves.

Já ardeste, faz muitos dias…
Não sabias das verdades
Que se as soubesses morrias
E pior é saber às metades.

Jaz algures o antigo descontentamento
Que já eu pensava ter vencido
Resta esperança, sonho, e firmamento
Para esquecer este barco perdido.

(Pára com isso! Tem calma …
Olha que o mundo não acaba agora.)

Vós, covardes disto e de outras coisas mais
Não sóis mais que pobres fantoches de conveniência
Que mentir e fingir sempre foi a vossa essência!

(Que exagero. Que feitio. Que mau perder)

Hei-de sempre acreditar que isto é mau, que é fodido.

(Mal-criado, inconveniente, vergonhoso)

Minha mãe não me ensinou a rebobinar um jogo.
Ensinou-me apenas a sorrir, a cantar e amar.
Ensinou-me que a vida é bela, um mar rosado.
Ensinou-me que nasci para amar e ser amado.
Minha mãe enganou-me sem querer
“Ai meu filho, que estás a enlouquecer!”

(Estás doente)

Tenho os pés presos no chão e quero saltar.
Tenho a língua presa nos dentes e quero falar.
Tenho os olhos carregados de sono e quero olhar.
Tenho a cabeça doente, e quero pensar.

Tremi. Quebrei. Tropecei. Levantei-me e voltei a cair.
Sacudi. Ardi. Explodi. Esqueci. Ou pelo menos tentei.

Não sei perder, nem quero saber.
Aprender a saber perder é aprender a muito perder,
E aprender a perder é fraco, é mau, e eu não quero.
Sou teimoso, tenho mau feitio e não me apetece nada agora.
Já disse que não quero absolutamente nada.
Se vos pedisse o que mais queria, nenhum de vós o conseguia.
Acelerem os relógios, apressem os dias. Avancem-me semanas.
E depois, se o arrependimento vos subir à cabeça, aprendam!
E quanto ao mais importante, perderam todos. Ou talvez não…
Não interessa nada disso agora também, que eu de miserável
Muito mais não fui além. Que irritação. Nada, absolutamente nada.
Já disse nada e nada é o que eu quero o que sou e o que quero fazer.
Nada, nem adeus. Adeus também é nada. Nada, nada, nada!


--


Nuno.

Friday, February 23, 2007

Variações

Sono não.


O pesar do sonho baixou pela noite fora. Toda a noite, a sua imagem insistiu-me pelos vidros da janela do meu quarto. A noite, em tom brilhante, avivava-me os sentimentos, liquidificando-me a consciência. A voz de Eddie Vedder balanceava-me na mente, em associação divina com a minha memória visual. O sono não vinha e eu, no meio dos lençóis como peixe fora de água, sentia-me vazio, com o sonho ali tão perto… Tardava em adormecer, ia sonhando, sonhando acordado. Procurava via consciente um sentido real para aquilo, mas acontece que, por vezes, por mais engenho que possuamos, é impossível dar base ao que sentimos. Àquela hora, via-me fora do contexto real do mundo, via-me numa estrada divina, numa busca infinita de um sonho recuperado, ainda mais forte que o anterior, bem mais intenso até. Afinal, o sonho era outro sim senhor. Mordia-me o medo de não o conseguir viver, e não adormecia.
O som casual de um cão a ladrar asperamente, como que a reclamar algo, afinava-me a concentração da alma. Crescia de fora do quarto uma agitação qualquer, que não me desviava as atenções, fosse por que motivo fosse…
O quarto estava escuro, apenas iluminado pelo rasgo lunar que entrava pela portada entreaberta da janela. Nas negras paredes da ocasião, ondeavam os sonhos por realizar, os que ficaram para trás. A secretária do meu quarto, maior do que em qualquer outro dia, sugeria-me um peso mais do que brutal na consciência. Lembrava-me do parentesco entre o génio tão procurado nela com o desespero dessa mesma procura. A porta nem gemia, como se aquele quarto representasse outra dimensão que não a humana. Uma metafísica inexplicável, estrondosamente assustadora, ainda que por detrás de tudo aquilo, estivesse um encantamento belo e natural. Quanto ao sonho, eu ia-o sentindo, pensamento após pensamento.
Diferente, a noite prosseguia. Os sentimentos tardavam em desaparecer, e o sono não começava…A solidão da minha alma invadia a pureza do sonho. Invadia tudo aquilo que mais queria. O quarto, intenso e pesado, e a sombra das coisas que nele estavam davam lugar ao medo de avançar na minha vida por um meio real…
Já os raios solares se espalhavam de entre o céu semi-nublado quando acordei. Afinal, consegui dormir. Porém, não sonhei tudo. A razão é simples: O sonho não me deixa.


Nuno.



Tuesday, February 20, 2007

O tributo.


Isto é para todos os meus verdadeiros amigos. Os que estão lá quando é preciso, os que acreditam em mim. Os mesmos que não me deixam sentir sem eles. [ 365 x ]


A vida é feita para nós ... e amanhã é um grande dia.


Obrigado.


Os maiores cumprimentos do vosso eufórico amigo ortónimo !

Saturday, February 17, 2007

A maior música do mundo

A maior música do mundo é aquela que vive dentro de mim a cada vez que a ouço. É mais que uma música. É uma companhia, um estado de espírito. Chamem-me maluco, que eu gostarei dela da mesma forma ou mais até. A voz de Eddie Vedder. A letra e o seu significado universal. A melodia. A totalidade. O universo dentro da música.
A cada vez que o "Ten" toca no meu quarto na faixa número 5, a minha vida transforma-se... o quarto muda as suas formas, e a vida lá fora deixa de ter significado... só eu, só eu, só eu...

Black ( Pearl Jam )

Hey...oooh...Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay. Were laid spread out before me as her body once did All five horizons revolved around her soul As the earth to the sun Now the air I tasted and breathed Has taken a turn Ooh, and all I taught her was everything Ooh, I know she gave me all that she wore And now my bitter hands shake beneath the clouds Of what was everything? Oh, the pictures have all been washed in black, Tattooed everything...

I take a walk outside I'm surrounded by some kids at play I can feel their laughter, So why do I sear? Hard and twisted thoughts that spin round my head I'm spinning, oh, I'm spinning How quick the sun can, drop away And now my bitter hands cradle broken glass Of what was everything? All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...

All the love gone bad Turned my world to black Tattooed all I see, all that I am, all I'll be...yeah...Uh huh...uh huh...ooh...I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star,In somebody else's sky, but whyWhy, why can't it be, oh can't it be mine...

We, we belong, we belong together, together, yeah, yeah, we, we belong, we belong together...