Wednesday, March 28, 2007

O meu conselho de amigo.


Não hesites mais. Só tens de ir lá e dizer a verdade, dizer que tens saudades dela, que nunca ninguém te prometeu o mundo tão às claras, que os teus dias não mais foram os mesmos sem a voz dela a ecoar nos teus ouvidos e que o simples sorriso dela era o mesmo que o teu. Pega no telefone e liga-lhe. Se ela não atender, deixa-lhe uma mensagem. Não te alongues no que queres transmitir, não elabores nada. Sê claro e directo. A verdade chega perfeitamente. Não há voltas para ela dar. Serás incisivo, e nada mais além disso. E não tenhas medo. O medo é o teu maior inimigo. Não mais fiques quieto à espera que seja a vida a trazer-te respostas para os teus próprios problemas. A vida é tua, e de mais ninguém. Tens de ser tu a vivê-la, porque ela existe para ti e só existe uma vez. Não a deixes passar por ti, serás sempre tu a passar por ela. E quando quiseres olhar para trás, dá dois passos em frente. Não te arrependerás. Viverás sempre dentro de ti. Nada nem ninguém mudará o teu caminho. E o caminho és tu, e mais ninguém.

Saturday, March 10, 2007

Mais poesia.


Drama, mas só a escrever.


Oh vida minha, ilusão da ambiguidade,
Confessai aos deuses toda a verdade.
Os pesos das injustiças que estão perto,
O tic-tac do mundo que não se pode ter,
Olhai o tempo que urge incerto,
E a angústia de ter de perder.

Ainda o drama que faço, que me irrita
E o desespero desta revolta escrita.
Só este comportamento egoísta,
Que me arde a glória num minuto
E me tira para fora da pista,
Que é macabro e me faz vestir de luto.

Raia-lhe a fonte do sangue enfraquecido,
E o lacrimejar sobejo, já vencido
Estiolam-me as dúvidas e os problemas
Bem como a necessidade de os resolver,
Afronta-me a dor e os seus temas,
E a inevitabilidade de os ter.

É este o meu império, que intriga
É esta a sombra que por mim irriga!
O medo de perder um sorriso
E o prazer de o ter para mim
Tornam-me confuso e indeciso,
Cansando-me eu de estar assim.

Meu fascínio sofisticadamente discreto
E os gritos do meu coração selecto!
Ter de admitir que não há controlo,
Ainda que não o faça transparecer.
Eu nunca me conheci tão tolo,
Nem com vontade de desaparecer...

Largo-me pela força da sorte,
Abraçado pelo poder da morte.
Sonhei cedo, caí mais tarde
Neste labirinto abominável
E este suor que em mim arde,
Teima em ser insuportável.

Rendo-me num desprezo forçado
À realidade do amor negado
E vou correr para me sentir melhor,
Fechando os olhos de dia.
É que eu já sei de cor.
Que não se pode fazer magia.

Parar de escrever. Só escuridão.
Tudo em mim se cansa e cái no chão.
Pudesse eu cantar a verdade
Que me cega e que me prende,
Mas quando chegará a liberdade
Que me veste e que me acende?



Eu, e a minha tendência de imitar o Álvaro...







Saturday, March 3, 2007

Poesia + Má disposição.


Episódio Irritante

Vem levemente, brilho lunar
Que ninguém quer tanto de ti quanto eu
Que pelas ruas me deixo ir a cantar
Um amor que também pode ser o teu.

(Pára agora enquanto podes)
Que da verdade tu ainda não sabes
Vai estoirar o colosso de Rodes
Vão morrer os peixes e aves.

Já ardeste, faz muitos dias…
Não sabias das verdades
Que se as soubesses morrias
E pior é saber às metades.

Jaz algures o antigo descontentamento
Que já eu pensava ter vencido
Resta esperança, sonho, e firmamento
Para esquecer este barco perdido.

(Pára com isso! Tem calma …
Olha que o mundo não acaba agora.)

Vós, covardes disto e de outras coisas mais
Não sóis mais que pobres fantoches de conveniência
Que mentir e fingir sempre foi a vossa essência!

(Que exagero. Que feitio. Que mau perder)

Hei-de sempre acreditar que isto é mau, que é fodido.

(Mal-criado, inconveniente, vergonhoso)

Minha mãe não me ensinou a rebobinar um jogo.
Ensinou-me apenas a sorrir, a cantar e amar.
Ensinou-me que a vida é bela, um mar rosado.
Ensinou-me que nasci para amar e ser amado.
Minha mãe enganou-me sem querer
“Ai meu filho, que estás a enlouquecer!”

(Estás doente)

Tenho os pés presos no chão e quero saltar.
Tenho a língua presa nos dentes e quero falar.
Tenho os olhos carregados de sono e quero olhar.
Tenho a cabeça doente, e quero pensar.

Tremi. Quebrei. Tropecei. Levantei-me e voltei a cair.
Sacudi. Ardi. Explodi. Esqueci. Ou pelo menos tentei.

Não sei perder, nem quero saber.
Aprender a saber perder é aprender a muito perder,
E aprender a perder é fraco, é mau, e eu não quero.
Sou teimoso, tenho mau feitio e não me apetece nada agora.
Já disse que não quero absolutamente nada.
Se vos pedisse o que mais queria, nenhum de vós o conseguia.
Acelerem os relógios, apressem os dias. Avancem-me semanas.
E depois, se o arrependimento vos subir à cabeça, aprendam!
E quanto ao mais importante, perderam todos. Ou talvez não…
Não interessa nada disso agora também, que eu de miserável
Muito mais não fui além. Que irritação. Nada, absolutamente nada.
Já disse nada e nada é o que eu quero o que sou e o que quero fazer.
Nada, nem adeus. Adeus também é nada. Nada, nada, nada!


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Nuno.