Saturday, March 10, 2007

Mais poesia.


Drama, mas só a escrever.


Oh vida minha, ilusão da ambiguidade,
Confessai aos deuses toda a verdade.
Os pesos das injustiças que estão perto,
O tic-tac do mundo que não se pode ter,
Olhai o tempo que urge incerto,
E a angústia de ter de perder.

Ainda o drama que faço, que me irrita
E o desespero desta revolta escrita.
Só este comportamento egoísta,
Que me arde a glória num minuto
E me tira para fora da pista,
Que é macabro e me faz vestir de luto.

Raia-lhe a fonte do sangue enfraquecido,
E o lacrimejar sobejo, já vencido
Estiolam-me as dúvidas e os problemas
Bem como a necessidade de os resolver,
Afronta-me a dor e os seus temas,
E a inevitabilidade de os ter.

É este o meu império, que intriga
É esta a sombra que por mim irriga!
O medo de perder um sorriso
E o prazer de o ter para mim
Tornam-me confuso e indeciso,
Cansando-me eu de estar assim.

Meu fascínio sofisticadamente discreto
E os gritos do meu coração selecto!
Ter de admitir que não há controlo,
Ainda que não o faça transparecer.
Eu nunca me conheci tão tolo,
Nem com vontade de desaparecer...

Largo-me pela força da sorte,
Abraçado pelo poder da morte.
Sonhei cedo, caí mais tarde
Neste labirinto abominável
E este suor que em mim arde,
Teima em ser insuportável.

Rendo-me num desprezo forçado
À realidade do amor negado
E vou correr para me sentir melhor,
Fechando os olhos de dia.
É que eu já sei de cor.
Que não se pode fazer magia.

Parar de escrever. Só escuridão.
Tudo em mim se cansa e cái no chão.
Pudesse eu cantar a verdade
Que me cega e que me prende,
Mas quando chegará a liberdade
Que me veste e que me acende?



Eu, e a minha tendência de imitar o Álvaro...







3 comments:

Sara said...

"Rendo-me num desprezo forçado
À realidade do amor negado
E vou correr para me sentir melhor,
Fechando os olhos de dia.
É que eu já sei de cor.
Que não se pode fazer magia."



[da próxima vez que te der para ler os pensamentos dos outros... ao menos avisa! senão bato-te! =P]

[*]

Anonymous said...

Tu es uma pessoa extrovertida, alegre, sempre a divertir os outros... e depois escreves coisas mesmo tristes, depressivas ... alvro da campos ? lool , é disso acho eu ==p

beijoo*

Anonymous said...

Tenta exprimir mais os teus sentimentos e não o teu ideal da tristeza... Soará mais genuíno.


Vai aqui uma pequena criação minha.

"A tristeza"

A tristeza não existe nem nunca existiu
Foi um conceito que por sorte do céu nos caíu
Ela é simplesmente um momento de clareza
É este o sentimento que se chama tristeza

Tal como o ópio do povo, é viciante
Tapa-nos os olhos, silencia a nossa voz
Nunca ninguém viu animal tão feroz
Que nos destroi e torna tudo entediante

A sua jurada inimiga, a imaculada felicidade
Partilha os mesmos traços animalescos
Alicia-nos, destroi-nos com a sua santidade
O melhor dos cenários pitorescos!

A solução? Não a conheço, nem quero conhecer
Não me cabe a mim, nem a conseguiria dar
Habituado a viver assim, fraco demais para querer
Ou tentar, em vão, este círculo vicioso deixar

Qual destes dois malvados venenos será verdadeiro?
É como perguntar qual tipo de morte me acompanhará
A vida inteira, que um dia certamente comigo acabará
Morrer na praia ou no deserto de um desfiladeiro?

As almas mais fracas que não desesperem
Elas que não pensam nisto, não reflectem
Preferem viver uma vida de cão, de animal
Em vez de pensar e antecipar o final!

Tristeza, meu amor, minha nobre ilusão
Só eu te posso sentir, só eu te percebo
Sei o que queres mostrar, ao final do serão
Quando tudo lá fora descansa em paz

Corres com o dia, voas no meio da escuridão
Eu sei como deve ser morar nessa dimensão
Por isso sei que te devo perdoar, não é culpa tua
És apenas um instrumento, que traz a verdade nua

Devo acreditar? Devo dela fugir, dela ter medo?
Uma grande confusão entra em mim, em mim se instala
Sinto que já não sou jovem, preciso da minha bengala
Em ti comecei a pensar, desde muito cedo

Desde então á tua procura, pesquisa sem fruto
Onde te escondes? Em que é que te tornaste?
À melhor das famílias, à mais feliz, trazes o luto

Porque divaguei? Porque me deixei ir?
Mais um poema que pelos meus dedos parece fugir
Meu inconsciente, um inimigo a abater
Para que estas coisas deixem de acontecer!

Pessimista como sou, gosto de percorrer todas as hipóteses
Caso o pior aconteça, estarei preparado para o acolher
Por esta via, poderei um dia, como Sócrates
Esta vida complicada perceber!