
Episódio Irritante
Vem levemente, brilho lunar
Que ninguém quer tanto de ti quanto eu
Que pelas ruas me deixo ir a cantar
Um amor que também pode ser o teu.
(Pára agora enquanto podes)
Que da verdade tu ainda não sabes
Vai estoirar o colosso de Rodes
Vão morrer os peixes e aves.
Já ardeste, faz muitos dias…
Não sabias das verdades
Que se as soubesses morrias
E pior é saber às metades.
Jaz algures o antigo descontentamento
Que já eu pensava ter vencido
Resta esperança, sonho, e firmamento
Para esquecer este barco perdido.
(Pára com isso! Tem calma …
Olha que o mundo não acaba agora.)
Vós, covardes disto e de outras coisas mais
Não sóis mais que pobres fantoches de conveniência
Que mentir e fingir sempre foi a vossa essência!
(Que exagero. Que feitio. Que mau perder)
Hei-de sempre acreditar que isto é mau, que é fodido.
(Mal-criado, inconveniente, vergonhoso)
Minha mãe não me ensinou a rebobinar um jogo.
Ensinou-me apenas a sorrir, a cantar e amar.
Ensinou-me que a vida é bela, um mar rosado.
Ensinou-me que nasci para amar e ser amado.
Minha mãe enganou-me sem querer
“Ai meu filho, que estás a enlouquecer!”
(Estás doente)
Tenho os pés presos no chão e quero saltar.
Tenho a língua presa nos dentes e quero falar.
Tenho os olhos carregados de sono e quero olhar.
Tenho a cabeça doente, e quero pensar.
Tremi. Quebrei. Tropecei. Levantei-me e voltei a cair.
Sacudi. Ardi. Explodi. Esqueci. Ou pelo menos tentei.
Não sei perder, nem quero saber.
Aprender a saber perder é aprender a muito perder,
E aprender a perder é fraco, é mau, e eu não quero.
Sou teimoso, tenho mau feitio e não me apetece nada agora.
Já disse que não quero absolutamente nada.
Se vos pedisse o que mais queria, nenhum de vós o conseguia.
Acelerem os relógios, apressem os dias. Avancem-me semanas.
E depois, se o arrependimento vos subir à cabeça, aprendam!
E quanto ao mais importante, perderam todos. Ou talvez não…
Não interessa nada disso agora também, que eu de miserável
Muito mais não fui além. Que irritação. Nada, absolutamente nada.
Já disse nada e nada é o que eu quero o que sou e o que quero fazer.
Nada, nem adeus. Adeus também é nada. Nada, nada, nada!
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Nuno.